O Estilo de Rita Batista

O Estilo

*Por Jamille Sodré

Muitas vezes definem um estilo somente pela roupa das pessoas, mais é algo mais complexo, é um conjunto de referências, representa a ideologia, religião, cultura, indumentária, etc. É a própria identidade da pessoa. Nessa nova série de entrevistas iremos falar do estilo de...

Mas o que forma o seu estilo, é a profissão, a religião, o gosto musical?

Iremos ver nessa primeira entrevista a expressiva e super estilosa, jornalista Rita Batista.

Com vocês, estilo Rita Batista:

Chego para entrevista na casa de Rita, na verdade um bate papo muito rico de histórias e ensinamentos de vida, me recebeu sempre bem humorada. Admiro muito a postura e estilo que ela leva a vida, na positividade. No seu Instagram mensagens positivas, e pessoalmente não poderia ser diferente. Estilo pra mim é algo além de roupa, é postura e autenticidade, então Rita representa muito isso.

Pra mim como pessoa que pesquisa moda e ligada na positividade, ter uma entrevista com ela foi de uma grande sorte, coisas que as boas energias e Guias /Nkises / Orixás promovem.

E faz acreditar nessa máxima que gente boa se atrai.

Jamille Sodré - O que gosta mais de utilizar no seu estilo, estilo Rita Batista?

Rita Batista -Gosto de usar turbante e quando dá pra fazer o torço da roupa, eu uso da mesma estampa (africana) pra ficar toda ‘combinadinha’, que nem elas ficam lá ( África) eu gosto muito disso. Se o pano só dá pra torço eu uso só torço.

JS- Gostaria que você contasse sobre sua origem?

RB -Nasci em Salvador em 1979, tenho 35 anos, nasci no dia 22 de maio, dia de Santa Rita de Cássia (sorri, aliás o sorriso está sempre presente no rosto de Rita); fui criada por minha vó e meu tio- padrinho, minha mãe foi pra Camaçari, porque passou em um concurso, ficou dividida. Foi uma rama de pessoas pra lá (Camaçari), por conta do Pólo Petroquímico de Camaçari. Ia nas férias pra lá. Aqui fui criada em Periperi, subúrbio ferroviário, até os 13 anos, porque depois minha vó disse que a gente tinha que vim pra “cidade (risos). Criada como uma menina, filha, neta única apesar de ter primos. Depois a gente veio morar aqui na “cidade” no Candeal, era muito longe ir pra Peririperi e fazer estudar e as atividades da tarde aqui na cidade. Depois que ela morreu (avó), eu casei, meu primeiro casamento, morei no Candeal. Mudei pro centro, sempre gostei, Politeama, de lá vim pra Graça. Fui morar em São Paulo e vim pra cá agora a convite de ( Wagner, pra campanha de Rui Costa. Pra cumprir os meses de campanha e depois eu iria embora. Coisas aconteceram, e Mário (Kertész) já estava de olho pra Rádio Metrópole

.

JS-Sua experiência profissional no Rádio...

RB-Programa de rádio praticamente foi o da Metrópole, porque na Bandnews (experiência interessante outra forma de fazer rádio) foi rápido e um programa de 40 minutos com várias intervenções e sem participação do público, e faço programa de 2 horas, mas estava na tv com programa e me chamaram pra fazer rádio, eu já tinha experiência, fui fazer. Me causava estranheza (risos) as pessoas não participarem, não entrarem no ar. Gosto quando o protagonista é o telespectador, acredito nisso. A troca é essa, comunicação pra mim é isso.

JS-Gosta mais da rádio ou da Tv?

RT- Assim, rádio me dá feedbacks que a Tv não me dá, que é essa coisa do imediatismo, participação do ouvinte direto, mesmo na televisão eu sempre criei mecanismos das pessoas participarem, não entram ao vivo porque é muito curto. No rádio tem mais tempo. Então eu criava mecanismo através de mensagens. Acho que isso fideliza, esse caráter de protagonista, porque a gente depende do público.

JS- Aproveitando, fala um pouco da representatividade do Negro na mídia. Seja no blog ou programa de rádio, programa de Tv. Você tinha um programa na Band Bahia Boa Tarde, e da Band Nacional, Muito Mais e A Liga. E a gente se sentia representado por você, “comunicadora negra”. E por que isso não deu certo?

RB- Eu acho que isso é uma coisa de gestão. Televisão é um negócio meio ingrato quando você fala de audiência, todos os veículos trabalham com medidor de audiência, e aquele programa que tem audiência tem mais ou menos anunciantes que é o que para a folha de pagamento da própria emissora. Eu ainda acho, mas eu não sou empresaria do ramo, sou operária do ramo (risos), eu tenho uma outra visão. Eu ainda acho que se você investe num programa de qualidade você, terá um retorno, mais cedo ou mais tarde. Quando você me pergunta o que foi que aconteceu? Eu saí e deixei, aliás sai com esses termos, mas o que foi que aconteceu no meio do caminho eu não sei. Antes que você me pergunte quando eu volto pra televisão ... (risos)

JS-Quando você volta pra Televisão?

RB-Pois é eu não sei (risos) porque não depende só de mim, tem uns projetos que estão conversados, e deixa eu ver, porque o mercado está instável, o mercado que eu falo é o mercado mesmo ( Brasil). Uma crise, um momento meio tenso e os empresários da comunicação dependem desse mercado publicitário.

“Eu me represento, eu Rita Batista represento Rita Batista.”

JS-Não dá pra ficar arriscando né?

RB-É se for pra segurar o dinheiro, segura o dinheiro. Deixa ver com calma...

JS- Mas também você tem feito um formato nas redes sociais, você está sempre alimentando essa interação com público.

RB-Sim isso eu já faço, não é uma coisa assim “blog de notícias”, “Instagram de notícias”, não, não é. E assim eu parei com Facebook na eleição, quando eu falo parar é ficar me envolvendo nas discursões, e falei assim, olha menino aqui eu vou me divertir, postar minhas fotos, falar das coisas que eu acredito, falar dos meus santos, meus orixás, meus mestres, meus guias, falar de todas as coisas ali etéreas. Que meu Instagram é a serviço do Espirito Santo e de Oxum. O povo “ah virou crente!”, a virei (risos), “ah é macumbeira”, (risos) é sou pronto sou, deixa falar. Eu estou numa idade que fale o que quiser o que quiser falar, bastando eu saber em que terreno eu piso já está bom, sabendo a relação que eu tenho com eles, já tá ótimo.

JS-Você não está preocupada com que estão falando...

RB-Não porque minha Mãe sabe como é, tipo uma coisa que eu falo pra os mais íntimos e as pessoas conhecem, a pessoa que mais fala de Jesus Cristo na vida é Ganzelê, minha Mãe de Santo. E reza e fala de missa (...) Não importa. Por que tudo tem que ser doutrinado, hoje em dia, catalogado, em qual é sua letra no GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais), se você é mulher negra... Eu já sou isso antes de tudo, nos meus perfis (redes sociais) tem isso( mulher, negra, comunicadora). Depois eu vi, por causa disso o povo vai me cobrar tudo e mais um pouco. Então qualquer coisa que eu deixe de dizer ou eu fale eu sou cobrada por causa desse meu perfil, mulher negra e comunicadora... Eu não gosto disso” você me representa”, não represento ninguém. Eu me represento, eu Rita Batista represento Rita Batista. Não quero representar nada nem ninguém. Porque eu acredito que cada ser humano é único, com sentimentos, pensamentos únicos, com diretrizes e determinações de vida únicas. É muito perigoso você se colocar como representante de qualquer coisa. Cada um que se represente.

JS-E qual o livro que você anda lendo?

RB-Eu tenho um devocional que leio todo dia de manhã, “Bom dia” de Max Lucado, é um pastor americano, progressista total, que não prega religião e prega a Deus, é demais. Descobri ele através de uma amiga minha “crentona” Regina que me deu. Ele conta casos, fala de histórias da vida dele e faz a leitura e bota Deus em tudo ali, é massa. Outro livro que estou lendo é a prosperidade está em suas mãos da Seicho No Ie, minha mãe vai na Seicho No Ie, tem uma coisa que eu acredito muito que a força do pensamento. A visão positiva da vida porque acontece. Se você atrai positividade virá positividade, se você atrai negatividade virá negatividade. A Fraternidade Branca já me explica isso, diz isso, a Fraternidade Branca que tem os Mestres Ascensionados, San Germain, Evirion, Mãe Maria. De livro normal (risos) eu estou lendo “Grifos”, um livro pequeninho de Felipe Ferreira, são textos dele ( Rita levanta e gentilmente vai e pega o livro para me mostrar ) “Grifos Meus: cinema, literatura, música, cultura, política & outros gozos crônicos”, textos dele que falam de coisas, que falando ele escreve, ( risos) a válvula de escape dele é a escrita o meu é a fala.

“Eu acho que a questão estética

é de fórum muito pessoal”

JS-Então a questão agora é estética negra, fale um pouco sobre estética neegra.

RB-Eu acho que a gente tem muito a contribuir com a estética do mundo porque somos lindos de fato, e acho que a beleza está justamente na diferença. A diferença de arrumar o cabelo de amarrar o torço, os meninos com seus acessórios todos, que agora eles estão também, o chapéu, o cabelo raspado do lado, cabelo todo raspado, todo pintado, que eles estão descolorindo pintando, estão fazendo. Estão “fechando” mais que a gente (risos). Os que tem trançado, os que são rastafári. Eu acho que a questão estética é de fórum muito pessoal, acho que você deve se vestir, e é criação de identidade também, se vestir, se arrumar, ajeitar seu cabelo com o que forma sua personalidade, contribui na verdade para sua personalidade, porque é o externo, o que você vai mostrar para o mundo.

JS-A linguagem...

RB-Exatamente, o mundo vai lhe ver daquele jeito, então você tem que ser o mais autêntico, na sua essência com você, para que aquilo funcione. Porque se você copiar a nova coleção de Channel e não tá funcionando ali dentro. Por exemplo, eu desistir de bolsa, eu não tenho bolsa, tenho mochila de lona. Eu não sei andar de bolsa, um trabalho, pesa, eu não sei o que colocar dentro da bolsa, já tive bolsa de tudo quanto é jeito. Agora eu gosto de roupa com bolso, meus vestidos geralmente têm bolso. Minha mãe fala “vai pra festa, vestido longo, não leva uma bolsa, vai de mão vazia!?” Que a mão vazia? Meus braços vão cheios, pulseiras... correntes, está tudo lindo”.

JS-Você também gosta muito do tecido africano né?

RB-Gosto, gosto tanto que vendo. Essa história do tecido africano surgiu assim, uma amiga que está lá ( África) e veio pra cá pra passar a férias, e trouxe uns tecidos “ah Rita me ajuda a vender”, eu falei vai menina me dá aí que eu vendo (risos). Vendi mas não ganhei um real, (risos) vendi pra ela porque conheço o “povo”. “Povo” gosta e tal. Outra amiga chegou agora pra o carnaval me pediu pra vender. ( ela questiona)Porque você compram o negocio? Se empolgam! Eu falei me dá aí. Comprei tudo que é mais fácil e vou vender.

JS-Para encerrar nosso bate – papo, deixe uma mensagem pra os leitores do blog Moda no Mundo Afro.

RB-Minha gente! A melhor coisa do mundo é você ser quem você é! Não há dádiva maior no mundo que você descobrir pra que que você veio e seguir de acordo com o projeto que Deus, Olorum, Buda, Alah, Moises, Maomé...traçaram pra você, seja você apesar de todas interferências, seja você! É a melhor coisa, não tem melhor na vida. Olha eu gosto muito de uma frase de Osho, “opte pelo que faz seu coração vibrar apesar de todas as consequências”; é a coisa mais certa que tem, porque você fez porque você quis. Primeiro a gente faz o que pode, depois faz o que quer. Mas faça o que você quer

*Jamille Sodré é designer especializada em moda pelo Senai Cetiqt RJ e pesquisadora de Moda Afro.




 

Comentários

Postagens mais visitadas